SAUDADE
No silêncio das noites estreladas,
na solidão das trevas, eu perscruto
a voz que triste, sossegado, escuto
na língua misteriosa das ramadas...
Na beleza das noites enluaradas,
quando o espaço perdendo o negro luto
banha-se em prata, e o seu semblante hirsuto
desfaz-se em gazes tênues nas quebradas,
é que eu procuro ser feliz um pouco...
Talvez, quem sabe, eu seja um grande louco,
- não sei se de mentira ou de verdade...
De uma cousa, porém, creio, estou certo:
- é que eu quisera ver, de mim, bem perto
o alguém que me põe louco de saudade!...
SOLIDÃO
Um frio enorme esta minha alma corta,
e eu me encolho em mim mesmo: - a solidão
anda lá fora, e o vento à minha porta
passa arrastando as folhas pelo chão...
Nesta noite de inverno fria e morta,
em meio ao neblinar da cerração,
o silêncio, que o espírito conforta,
exaspera a minha alma de aflição...
As horas vão passando em abandono,
e entre os frios lençóis onde me deito
em vão tento conciliar o sono
A cama é fria... O quarto úmido e triste...
- Há uma noite de inverno no meu peito,
desde o instante cruel em que partiste...
Num passeio por aqui...
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