Questiono a vigência por seis anos dos manuais escolares, a propósito de um artigo da Visão. É-me impossível concordar com este facto apesar de não subscrever as mesmas razões dos editores.
É óbvio que sei que os manuais escolares são um grande peso financeiro para as famílias, e para quem tem mais que um filho então é brutal esse peso.
Mas tenho que deixar aqui as minhas razões contra esta duração. Sendo professora de Biologia e esforçando-me por estar sempre a par das novidades científicas, sei que a maioria dos professores não o faz, e o manual funciona como o suporte a todo o processo de ensino-aprendizagem.
Imaginemos, então, que foram feitos manuais novos para todos os anos na disciplina de Biologia, durante o mês de Julho mas não Agosto (mês de férias).
Esse manual não contém:
* a mais recente técnica de extracção de células estaminais
* a despromoção de Plutão a planeta anão
* a nova técnica do motor iónico na sonda europeia Smart-1 que se limitou a um gasto de 50 litros de combustível
* o uso de terapia genética no tratamento de cancro de pele
*...
E só estamos a falar de um mês de notícias sobre Biologia e as suas implicações!!
Sim, eu sei que isso não acontece na maior parte das disciplinas. A Matemática não se altera, a Língua Portuguesa também não. Mas a Biologia sim. E se em 1999 era utópico mapear o Genoma Humano, em 2000 foi mapeado e começou-se a manipular com fins terapêuticos.
É óbvio que sei que os manuais escolares são um grande peso financeiro para as famílias, e para quem tem mais que um filho então é brutal esse peso.
Mas tenho que deixar aqui as minhas razões contra esta duração. Sendo professora de Biologia e esforçando-me por estar sempre a par das novidades científicas, sei que a maioria dos professores não o faz, e o manual funciona como o suporte a todo o processo de ensino-aprendizagem.
Imaginemos, então, que foram feitos manuais novos para todos os anos na disciplina de Biologia, durante o mês de Julho mas não Agosto (mês de férias).
Esse manual não contém:
* a mais recente técnica de extracção de células estaminais
* a despromoção de Plutão a planeta anão
* a nova técnica do motor iónico na sonda europeia Smart-1 que se limitou a um gasto de 50 litros de combustível
* o uso de terapia genética no tratamento de cancro de pele
*...
E só estamos a falar de um mês de notícias sobre Biologia e as suas implicações!!
Sim, eu sei que isso não acontece na maior parte das disciplinas. A Matemática não se altera, a Língua Portuguesa também não. Mas a Biologia sim. E se em 1999 era utópico mapear o Genoma Humano, em 2000 foi mapeado e começou-se a manipular com fins terapêuticos.
15 comentários:
Vendo as cisas por esse prisma.... Concordo Plenamente!! MAs... não deixa de ser um enorme peso!! Digo-o porque os meus pais se queixavam!! Somos três filhos!! Era dose....
Bjs
Não sei se concordo contigo, vou indagar melhor. Boa semana
A Língua Portuguesa alterou-se e muito. Este ano vai entrar em vigor a TLEBS ( Terminologia Linguística Ensino Básico e Secundário) e os manuais trazem a terminologia antiga.
Beijinhos :o)
Eu não estou de aacordo com a permanência dos amuais escolares por 6 anos, pelo menos para disciplinas como Ciências, Biologio e de áreas que sofrem constantes desenvolvimentos e cujas descobertas provocama lateração de certos conhecimentos que antes tinhamos... não sei se me faço entender...
Áreas como o Inglês e Francês iniciação são áreas cujos manuais poderão facilmente aguentar 6 anos sem reapreciações e/ou alterações, assim como os, penso eu, de EF, ET, EV... Não se pode achar que todas as disciplinas são iguais....
concordo plenamente!
eu sou prof. de informática que é uma área em constante evolução...
só no ano anterior é que mudaram o plano das disciplinas que estava vigente desde mil novecentos e carqueja :)
andavamos a dar linguagens de programação que já nem se usam... enfim...
mesmo assim, a meu ver, não está 100% correcto!
mas isso são "detalhes" :)
e Plutão... tadinho... aquela lenga-lenga da escola primária dos planetas... já não faz sentido :D
bjokas da anokas
Este vai ser um assunto polémico.Há alguns manuais que aguentam perfeitamente 6 anos e outros que nem 1 ano e outros ainda que nunca são abertos,por isso não precisavam se existir.
Ora como prof de Bio/Geo não poderia estar mais de acordo... e mal de nós se não andarmos sempre em cima dos novos acontecimentos científicos! As "nossas" ciências não param ;)
Sou mãe de dois, um já no secundário. Não gasto menos de 350 euros/ano em manuais. Este ano (e no anterior já tinha feito a experiência) recusei-me a comprar os manuais de EVT, Educação Fisica e Educação Tecnológica. O mais velho nunca abriu esses livros. Os professores têm de me justificar muito bem a sua necessidade antes de eu os adquirir.
Quanto aos 6 anos... nalguns casos será possível, noutros não.
Concordo com o teu ponto de vista que é perfeitamente legítimo. De facto, em áreas científicas a evolução é quase dia-a-dia. Ora, os manuais têm que estar adaptados o mais fielmente possível à realidade. Imagino o que não mudará em várias áreas no espaço de seis anos. Relativamente ao comentário da taizinha, cada um sabe de si mas eu faço questão de fazer uso do manual porque tenho consciência do dinheiro dispendido pelos país.
Fica bem!
Rectifico, pais e não país. É do sono!
cara amiga, discordo e passo a explicar:
A possibilidade do recurso a textos extra-livro ainda não foi proibida. Mais, acho que a tua afirmação de que a maior part dos professores não se actualiza é leviana, não me parece que tenhas andado por tantas escolas, pelo menos as suficientes para tirar tal conclusão...pois é amiga, tu é que falaste em questões científicas...esta afirmação é do senso comum....o que é pouco para o peso que ela pode ter.
Resta é saber o que mais motivou (ou empurrou) a Ministra a tomar essa decisão de prolongar a vigência dos manuais...
Olá Ana
Há dias vi que em Portugal a produtividade era a mais baixa da Europa.
Nesta tua carela que levantas no teu blog vejo que a falta de imaginação por esse pais também não é muito abundante.
A lei do mais fácil continua a progredir. Com a desculpa de novidades lá se vai imprimindo novos compêndios onde mais ou menos 90% deles são cópias dos antecedentes.
Comprei uma enciclopédia há mais de 30 anos, ainda nem pensávamos em computadores, se adoptassem o mesmo sistema quantos livros teria? Todos os anos vêm as actualizações.
Porque não fazer o mesmo com os tais compêndios?
Seria muito mais económico para os pais adquirir os tais up-dates somente em vez de um compêndio inteiro como as livrarias e alguns políticos aprovam.
Bem apesar de se produzir um número razoável de descobertas científicas num período de seis anos terá de admitir que o número, de entre essas descobertas, que muda a visão da ciência num nível tão baixo quanto oensino pré universitário realmente não justifica a renovação de um manual escolar.
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