"Se eu quiser, mudo a minha escola
Agora é mesmo, as aulas começam para a semana, o Conselho Executivo diz que na próxima sexta tudo tem de estar a funcionar.
E eu? Como vou aguentar mais um ano lectivo? Ainda não sei. Às vezes penso que é melhor deixar correr, fazer o mínimo, não ter grandes expectativas nem gastar muitas energias: controlar a disciplina, cumprir o programa, dar-me bem (mas sem grandes intimidades) com os colegas, colaborar (nunca em excesso) com a direcção da escola, dizer umas piadas contra a Ministra (sem elogiar os sindicatos).
Uma questão de equilíbrio e bom senso, sou perita nisso. Como já sou um pouco velha, sei defender-me das armadilhas, não me deixo humilhar pelos alunos nem os pais fazem farinha comigo. Respeito as famílias, mas a experiência já me ensinou que muitos dos problemas dos miúdos têm origem em casa, por isso não vale a pena pensar que os vamos resolver de um momento para o outro. Vou apostar mais uma vez num ano tranquilo, farei as greves mas não entrarei em loucuras, nunca vou desistir de ter as aulas a funcionar. Serei Directora de Turma, nunca concordei que sejam professores muito novos a ter esse papel, mas não pensem que farei grandes esforços, uma reunião por período e duas horas por semana, lá para o fim da manhã, chegam para aturar a meia dúzia de pais que lá costuma aparecer, às vezes a mandar vir.
Sei que poderia ser diferente: às vezes, à noite, quando estou sozinha em casa, penso que, se quisesse, era capaz de mudar a escola.
E ponho-me a pensar como faria.
Era assim: na sala de aula, começava por pedir a cada um dos alunos o que esperava para o ano que agora começa, para que conseguisse chegar às diferentes vias que tenho de utilizar para conseguir uma boa aprendizagem para cada um; depois, punha o grupo a funcionar, a dois a dois ou mesmo todos ao mesmo tempo, para desde o início tirar partido das diferenças e estimular a participação.
Não me punha a ler o manual, como cheguei a fazer o ano passado, por preguiça ou medo de perder o controlo da turma: aproveitava novos materiais, sites na Net, recortes, figuras, para tornar a aula diferente em cada dia.
Com regras estabelecidas em conjunto, iria ter menos problemas, mas seria firme de início, sem ceder a provocações.
Trazia a Internet para a aula, o que é preciso é ensinar de modo diferente!
E na escola em geral? Bem, teria de ser mais activa. Sei que a Educação para a Saúde é agora obrigatória, muitos colegas dizem que não têm condições, mas no fundo sei que há muito a fazer: vou oferecer-me para coordenadora, falar com os pais, arranjar uma caixa de perguntas para os miúdos colocarem as dúvidas, ajudá-los a fazer pesquisa para a Área de Projecto. Não posso fazer de conta que não vejo tantos gordos, ou fingir que desconheço os que fumam "ganzas"!
E não vou fingir que nada tenho a ver com a colega que não impõe a disciplina (no ano passado saía a chorar das aulas). Sempre que puder, vou para junto dela, nada me proíbe de o fazer, em conjunto vamos ser capazes de pôr a sua aula a funcionar.
E vou propor mais reuniões do Conselho de Turma, chamar os pais para dizer bem dos filhos, aproveitar a força que eles têm para pressionarmos o ministério a fazer obras.
Vou ficar cansada, é claro, mas tenho a certeza que ficarei menos azeda: é que, francamente, já não suporto aqueles ajuntamentos na Sala dos Professores a dizer mal de tudo, com os alunos cheios de negas e tantos professores à deriva!"
Daniel Sampaio, XIS, 9 de Setembro de 2006
Agora é mesmo, as aulas começam para a semana, o Conselho Executivo diz que na próxima sexta tudo tem de estar a funcionar.
E eu? Como vou aguentar mais um ano lectivo? Ainda não sei. Às vezes penso que é melhor deixar correr, fazer o mínimo, não ter grandes expectativas nem gastar muitas energias: controlar a disciplina, cumprir o programa, dar-me bem (mas sem grandes intimidades) com os colegas, colaborar (nunca em excesso) com a direcção da escola, dizer umas piadas contra a Ministra (sem elogiar os sindicatos).
Uma questão de equilíbrio e bom senso, sou perita nisso. Como já sou um pouco velha, sei defender-me das armadilhas, não me deixo humilhar pelos alunos nem os pais fazem farinha comigo. Respeito as famílias, mas a experiência já me ensinou que muitos dos problemas dos miúdos têm origem em casa, por isso não vale a pena pensar que os vamos resolver de um momento para o outro. Vou apostar mais uma vez num ano tranquilo, farei as greves mas não entrarei em loucuras, nunca vou desistir de ter as aulas a funcionar. Serei Directora de Turma, nunca concordei que sejam professores muito novos a ter esse papel, mas não pensem que farei grandes esforços, uma reunião por período e duas horas por semana, lá para o fim da manhã, chegam para aturar a meia dúzia de pais que lá costuma aparecer, às vezes a mandar vir.
Sei que poderia ser diferente: às vezes, à noite, quando estou sozinha em casa, penso que, se quisesse, era capaz de mudar a escola.
E ponho-me a pensar como faria.
Era assim: na sala de aula, começava por pedir a cada um dos alunos o que esperava para o ano que agora começa, para que conseguisse chegar às diferentes vias que tenho de utilizar para conseguir uma boa aprendizagem para cada um; depois, punha o grupo a funcionar, a dois a dois ou mesmo todos ao mesmo tempo, para desde o início tirar partido das diferenças e estimular a participação.
Não me punha a ler o manual, como cheguei a fazer o ano passado, por preguiça ou medo de perder o controlo da turma: aproveitava novos materiais, sites na Net, recortes, figuras, para tornar a aula diferente em cada dia.
Com regras estabelecidas em conjunto, iria ter menos problemas, mas seria firme de início, sem ceder a provocações.
Trazia a Internet para a aula, o que é preciso é ensinar de modo diferente!
E na escola em geral? Bem, teria de ser mais activa. Sei que a Educação para a Saúde é agora obrigatória, muitos colegas dizem que não têm condições, mas no fundo sei que há muito a fazer: vou oferecer-me para coordenadora, falar com os pais, arranjar uma caixa de perguntas para os miúdos colocarem as dúvidas, ajudá-los a fazer pesquisa para a Área de Projecto. Não posso fazer de conta que não vejo tantos gordos, ou fingir que desconheço os que fumam "ganzas"!
E não vou fingir que nada tenho a ver com a colega que não impõe a disciplina (no ano passado saía a chorar das aulas). Sempre que puder, vou para junto dela, nada me proíbe de o fazer, em conjunto vamos ser capazes de pôr a sua aula a funcionar.
E vou propor mais reuniões do Conselho de Turma, chamar os pais para dizer bem dos filhos, aproveitar a força que eles têm para pressionarmos o ministério a fazer obras.
Vou ficar cansada, é claro, mas tenho a certeza que ficarei menos azeda: é que, francamente, já não suporto aqueles ajuntamentos na Sala dos Professores a dizer mal de tudo, com os alunos cheios de negas e tantos professores à deriva!"
Daniel Sampaio, XIS, 9 de Setembro de 2006
7 comentários:
vê-se logo que Daniel Sampaio não tem 6 ou 7 turmas de tres ou quatro niveis diferentes...desculpa mas esse é mais um dos que já não leio...é obvio que se fizesse o que sugere estava colaborando para que a paz podre continuase ainda mais...podre
Querida amiga Ana Cristina, não vais ficar zangada comigo com o que vou dizer, pois não?
Se tivesse visto primeiro quem assinava o artigo não o tinha lido. Daniel Sampaio, no ano lectivo anterior, escreveu demasiados disparates e fez propostas ridículas (para dar uma mãozinha à Milu)- perdeu toda a credibilidade e deixei de conseguir ver com bons olhos uma linha sequer dele, nem pintada.
Mas, para ti, sempre muitos beijinhos meus :)
Ainda pensei em desmontar a demagogia que subjaz ao discurso do DS. Desisti porque o tempo é precioso... Boa semana!
Pois, quem nada faz tudo parece fácil. Boa semana.
O DS está completamente gágá.
Vê-se bem que o Daniel SAmpaio deve dar muitas aulas...
Esse Sampaio deve leccionar na faculdade, onde não tem que mandar calar os alunos, nem mandar recadinhos para os pais...
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